Dois homens, ambos gravemente doentes, com muitas dores, sofrendo muito, estavam no mesmo quarto de hospital.
Um deles, podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões. A sua cama estava junto à única janela do quarto.
O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas. Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres e famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias... Todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto, todas as coisas que ele conseguia ver do lado de fora da janela.
“A glória da vida é amar, não ser amado; dar, não receber; servir, não ser servido.”
( H. W. Bieber)
O homem da cama do lado, aquele que não podia se mover, começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a atividade e cor do mundo do lado de fora da janela. A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem, e uma tênue vista da silhueta da cidade podia ser vista no horizonte.
Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, amor e carinho, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava a pitoresca cena; viajava e sonhava com o mundo lindo visto da janela.
“O que temos feito por nós mesmos morre conosco; o que temos feito pelos outros e pelo mundo permanece e é imortal.”
(Alberto Pike)
Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar.
Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, ele conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a refratava através de palavras bastante descritivas.
Dias e semanas passaram com este lindo ato de amor.
Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia. Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo.
“É quando esquecemos de nós mesmos que fazemos coisas que serão sempre relembradas.”
(Eugene P. Bertin)
Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca.
Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e calmamente olhou para o lado de fora da janela... que dava, afinal, para uma parede de tijolo! Que surpresa...
O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto, lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela.
A enfermeira respondeu que o homem era cego e estava muito doente, sabia que estava no fim da vida e nem sequer conseguia ver a parede:
“Talvez ele quisesse apenas dar-lhe coragem para que você pudesse suportar tantas dores e sofrimentos...”. (disse a enfermeira)
MORAL DA HISTÓRIA
Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas. A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando partilhada, é o dobro de alegria.
“O dia de hoje é uma dádiva, por isso é que lhe chamam presente.”
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